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O avião

por Ligia Pinheiro Barbosa

27 de julho de 2020

O avião

Há poucas horas vi um avião passando por aqui, em sua rota de algum lugar rumo a outro lugar. Fato quase inusitado. Exceto aviões pequenos, particulares, é raro vermos algum voando, nos últimos quatro meses. Que saudade, que falta me faz um avião! Fiquei olhando aquele rastro branco e pensando quando é que eu estarei dentro de um, voando para meus destinos.

Estruturei minha vida para desfrutá-la em quatro cidades, e agora vejo-me presa a uma delas por tempo indeterminado. Apesar de viver sozinha, passo temporada na casa da minha mãe, ou em outras duas cidades onde moram meus filhos. Um deles, em outro País.  E como temos um País de dimensões continentais, a distância média entre as “minhas” cidades são de 600kms.  

A vida mudou para todos depois que começou a pandemia do Covid 19, e minha opinião é que se estamos bem de saúde, mesmo que as mudanças tenham revirado pelo avesso nosso rumo, está tudo muito bem. Temos que ter paciência para esperar por um remédio ou pela vacina. Isso significa alguns meses, pelo menos seis. É tempo.

O tempo da espera é um tempo pesado. Viver sem um amanhã, mesmo que ele não ocorra, não fazer as programações anuais “normais” de aniversários, Natal, férias, é muito esquisito.  Tudo é estranho, diferente.

No começo do isolamento eu assistia a várias “lives”, mas com o passar os dias elas foram ficando mais iguais, não importa o tema. Exceto as novidades nos estudos do vírus que avançam dia a dia, concretamente, e as de campanhas beneficentes, as demais traçam cenários. E aí o céu é o limite, por mais que se tente embasar o argumento. A minha opinião é que o mundo não vai mudar totalmente, mas vai mudar muita coisa. E o novo mundo será dividido, outra vez, em AC e DC, isto é, Antes da Covid e Depois da Covid.

Por enquanto eu tenho achado as discussões antigas, tudo velho. O mundo foi desligado, agora está sendo religado e com curtos-circuitos em muitos lugares. O que será o novo normal? Ninguém sabe, porque a teoria valida a realidade, e o que vem antes da realidade se impor é suposição, especulação. Com maior ou menor probabilidade de acontecer, mas ainda não é um fato.

O que eu espero é que o novo normal se aproxime bem do antigo normal, porque minha geração já não tem muito tempo para se acostumar com excesso de novidade.

Mas o que eu desejo mesmo, e muito, é que os aviões voltem a cortar os céus e nos levar rapidamente para abraçar as pessoas queridas.

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