Rego d'água
por Ligia Pinheiro Barbosa
15 de junho de 2020
Felicidade poder variar: estou mudando de pouso pela terceira vez nesse tempo de isolamento social, de quarentena, que já é apenas uma palavra para expressar esse isolamento, pois já passamos da noventena. Tempo difícil, porque de aprendizado forçado, e mais do que isso, imposto de “supetão”. É preciso se acostumar com o tudo caminhando, sem pausa para aprendizado.
E aqui estou, escutando o barulho do rego d’água. Será que nesses tempos modernos alguém ainda sabe o que é um “rego d’água, “ou “bica” d’água? Muito bom ouvir um som que acalma e traz paz. Que a paz que me inunda agora se espalhe, é meu desejo sincero.
Mas a palavra que me descreve no momento é saudade. Tenho saudades da minha filha querida que não vejo há três meses, e do meu filho querido que não vejo há cinco meses. O tempo que eu levava para chegar até eles e abraçá-los era de algumas horas. Hoje é uma interrogação: quando nos veremos de novo, ao vivo? Quando será esse abraço? Confesso que tento não pensar demais, ou ficarei muito, muito triste. Vou utilizando os privilégios que a tecnologia nos proporciona e fazendo encontros pela internet – não é o mesmo, mas é muito bom. E tenho me lembrado de nossas vidas juntos...que coisa boa é ter boas lembranças. Não para viver delas, mas para adoçar um presente que tem se apresentado um pouco indigesto.
E no meio de tudo, encontrei uma poesia que fiz para eles, meus filhos. Nem eu sabia que já havia feito uma, mas aqui reproduzo uma “bobagem” de amor materno.
Dois amores
Menino lindo, inteligente
Muito alegre e quase sempre contente
Enche de felicidade a vida da gente
É o Pedro – corajoso e ardente.
Esse menino não mora sozinho
Tem uma linda irmãzinha
Chamada Virginia, e sapequinha
Às vezes eles brigam
Às vezes eles choram
Mas tenho certeza,
Eles se adoram.
Agora a mamãe quer estudar
E estou certa que eles vão ajudar
Brincando, brincando, sem incomodar.