A arte e os sonhos do poeta
por Luciano Limírio de Carvalho
10 de julho de 2021
A arte, segundo os dicionários, é basicamente o conjunto de preceitos utilizados para a perfeita execução de qualquer coisa. Mas arte é mais do que simples preceitos, é o externar de um sentimento, em forma de ação, que vem associar os conceitos entre a teoria e a estética, identificados simplesmente o resultado por arte ou “belas artes”.
A arte requer como principal requisito, a criação e a habilidade especial que, na maioria das vezes, vem como dádivas do espírito, que coloca o artista em estado de levitação emocional, aonde as idéias vão pairando lentamente e se esvaindo através de ações do criador.
A arte tem como objetivo, a busca da verdade, através da conjunção da composição e a construção, procurando mostrar ao exterior o resultado da imaginação. E é a imaginação o fator primordial de qualquer arte, manifestada através da projeção de uma imagem ou uma ação. “A arte transforma-se numa linguagem composta de imagens e símbolos, pelo qual o homem se comunica com os outros homens em termos mais perceptivos que conceptuais”. “A missão do artista é explicar, enfatizar, dramatizar e interpretar o mundo em que vive, em todos os seus aspectos” Frei Walter Hugo de Almeida[1] ensinou que o “poeta é um sonhador de mundos, a abolição de contornos e notícias de tudo” e é a pura verdade, pois o poeta é o ser desgarrado dos parâmetros sociais do cotidiano e por isso um artista sonhador e a ele é permitido sonhar, noticiar o mundo, as belezas emanadas do espírito, do fundo da alma. Também o grande Amílcar de Castro enfatizou sabiamente que o “objetivo da arte, é descobrir, conhecer e modificar o mundo”. Esta é mais uma verdade, a arte é o elo entre o artista e o público, propiciando a este a oportunidade de fusão de sensações, evocando imagens visuais, sonoras, táteis ou reais. No geral, tanto as imagens mentais, como as imagens sinestésicas são de enorme importância na evocação sentimental e acarreta alterações físicas e emocionais no ambiente em que se desenvolvem.
A imaginação é um ponto forte na arte em geral, como afirma Manoel de Barros[2], “o olhar vê, a lembrança revê e a imaginação transvê”, até porque “ o homem como indivíduo experimental, está sempre buscando transformar sua experiência em expressão articulada”.
O poeta é, talvez, o artista de maior imaginação, pois na poesia as palavras vagueiam sempre entre as nuvens e a terra, “e mantêm uma definida equivalência com o estado de intensidade mental do poeta”.
O poeta é a arte que caminha, sempre buscando atingir o fundo do sentimento. A arte e o poeta são verbos que se conjugam na gramática do coração, onde as coisas acontecem dentro da anormalidade, fora do real, mas impregnado de amor, de vida e de sonhos.
Viva a arte, viva os sonhos do poeta!
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Luciano Limírio de Carvalho, é advogado, procurador do Legislativo carmelitano, professor da Unifucamp, compositor, poeta e cronista.
[1] Frei Wálter Hugo de Almeida, OFM – Fonte: Folhinha do Sagrado Coração de Jesus.
[2] Manoel Wenceslau Leite de Barros, disponível em: http://kdfrases.com/autor/manoel-de-barros.