Senhora
por Carmen Belmont
09 de maio de 2021
Senhora, dizei-me quem sois
e por que cuidais tanto
de um ser para quem
todo abraço será pouco
todo cansaço será mínimo
todo esforço será contínuo
todo exemplo será bom
Dizei-me mais: por quem
qualquer sacrifício
é só mais um dia
no altar de vosso desvelo
e qualquer ofício
é mais um prazer
no rosário das lembranças
que acalentais com paciência
infinita
Dizei-me ainda
por que sorris bálsamos
quando o ser chora
cobrindo-lhe as lágrimas
de esperança
e por que chorais silêncios
emocionados
quando ele ri
inebriado de felicidade
Contai-me por que o perdão
mora nos vossos lábios
quando o ser, errante,
torna a vosso regaço
e por que vos afastais, humilde
para que ele brilhe a solo
mesmo quando ufano de conquistas
por vós secundadas
Dizei-me por que é deste ser
vosso primeiro pensamento diário
assim como lhe pertence
vosso último suspiro;
por favor, senhora,
dizei-me quem sois
que a vossa voz ressoa doce
nos escaninhos d'alma
e vosso semblante demora,
indelével
gravado no coração
que não vos estranha.
“Eu sou a gota do amor de Deus
na aridez do mundo,
a mulher das mulheres
a dama das damas
a diva das divas:
eu sou a tua mãe.”